Bancários saem em defesa dos bancos públicos
Os bancos públicos são fundamentais para a economia voltar a crescer. Mas, para isso o governo precisaria colocar em prática medidas capazes de fazer as instituições financeiras protagonistas.
Um bom começo seria a redução das taxas de juros. A história recente dá o exemplo.
Nos governos Lula e Dilma, os bancos públicos foram usados como reguladores do mercado, reduzindo os juros cobrados aos clientes e às empresas na concessão de crédito. A iniciativa, nada agradou os privados, que, a contragosto, tiveram de seguir o mesmo caminho.
Mas, depois do golpe, tudo mudou. Hoje, mesmo com a queda da Selic, em 6,5% ao ano, o cheque especial continua em nível recorde, em 331,2% em fevereiro passado.
O spread bancário diferença entre o que é cobrado ao consumidor em empréstimos e o que os bancos gastam na captação de recursos, também está elevado, em 20,4% ao ano.
Para completar, a política dos bancos públicos mudou. A Caixa, por exemplo, já não tem a menor tarifa do crédito imobiliário. Os dados não deixam dúvidas: o governo Temer segue à risca a cartilha neoliberal, reduzindo o papel das estatais e deixando espaço para as empresas privadas fazerem o que quiserem.
Resultado, as taxas continuam nas alturas e os bancos lucram cada vez mais. Ano passado passou dos R$ 65 bilhões mesmo com a grave crise na economia nacional.
Os bancários tem levantado a bandeira em defesa das empresas e principalmente dos bancos públicos, já que as instituições bancárias públicas estão na mira do governo Federal, que vem enfraquecendo a função pública dessas empresas. Na Caixa e no Banco do Brasil, reestruturações e programas de desligamento voluntário intensificaram a falta de bancários nas agências e a sobrecarga de trabalho. Além disso, o fechamento de agências mostra a intenção de diminuir o papel destes bancos.
Em 2017, o Banco do Brasil obteve lucro de R$ 11,1 bilhões, e a Caixa Econômica Federal, de R$ 12,5 bilhões. Mesmo assim, no início de 2018, a direção dos dois bancos anunciaram programas de desligamento de funcionário e, no caso da Caixa, é o terceiro processo em apenas 12 meses, o que demonstra com clareza a meta de enxugar o quadro de funcionários, que antes era de 101 mil e agora beira os 88 mil empregados.