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1 de Janeiro de 2001 às 22:59

A exploração no marco dos 200 anos do BB

No domingo, dia 12 de outubro, o Banco do Brasil completa 200 anos. Dois séculos de história ligada ao desenvolvimento do País, de uma empresa situada entre as grandes e mais duráveis do mundo. Lamentavelmente, porém, o que durante anos foi uma trajetória de sucesso institucional, refletindo-se como referência também para os bancários, hoje é apenas uma pálida sombra do passado. Já vai longe o tempo em que ser funcionário do Banco do Brasil era motivo de orgulho, inspirava segurança e motivava o crescimento profissional. As sucessivas reestruturações e reformas por que o banco passou, transformaram a instituição em apenas mais uma empresa do sistema financeiro brasileiro. Reproduz todas as mazelas do modelo econômico vigente, e não cumpre o papel social de fomento ao setor produtivo, especialmente no financiamento rural. É lamentável que exatamente no marco dos 200 anos, os empregados do Banco do Brasil tenham de estar em greve por melhores salários e condições de trabalho. Afinal, um banco que registra sucessivos recordes de lucros – em 2007 foi superior a R$ 5 bilhões e no primeiro semestre deste ano já chega a R$ 4 bilhões –, tem todas as condições para valorizar e respeitar funcionários e clientes. O lucro líquido registrado entre 2004 e 2006 cresceu extraordinários 520,4%. Os números são eloqüentes. Em meados da década de 90, com 8 milhões de clientes, o banco dava emprego a 130 mil funcionários. Hoje, com o triplo de clientes – 26 milhões -, o Banco do Brasil reduziu para 85 mil o número de postos de trabalho. Os bancários sofrem com a sobrecarga e as precárias condições de trabalho. Cada vez mais, são acometidos por doenças ocupacionais. Desde que a Família Real Portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, ficaram evidentes a necessidade e a importância de uma instituição responsável pela regulação e supervisão do sistema financeiro da então colônia portuguesa. Assim, a criação do Banco do Brasil foi uma conseqüência natural da transferência do Estado Português, que nasceu também com importante responsabilidade social. Muito tempo se passou, veio a Independência, a República, o Estado Novo, o golpe de 64, a ditadura militar, a redemocratização. A história se desenrolou na constituição do que é hoje o maior país da América Latina: o Brasil. E o banco, do mesmo nome, herança dos colonizadores, resistiu às intempéries políticas e econômicas desses 200 anos. De nada servem, porém, as lições da história quando o banco caminha para a vala comum da lucratividade desenfreada e esquece os compromissos sociais que devem nortear a sua existência. Comemorar os 200 anos de fundação pressupõe valorizar e respeitar os funcionários. Este marco deve ser respaldado nos anseios da sociedade para os quais o Banco do Brasil foi criado.



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