Agro, vitrine ultraliberal

Recorde de grãos não gera benefícios para a sociedade
O ano de 2025 deve ser de safra recorde no Brasil. A estimativa do IBGE é de que passe dos 328 milhões de toneladas. O número é comemorado com euforia pelo agronegócio e seus porta-vozes, leia- -se a grande mídia, como um "triunfo nacional". Mas a quem serve este recorde?
Enquanto as máquinas de colheita giram a todo vapor, a realidade da população é outra. A inflação dos alimentos acumula alta de 7,81% nos últimos 12 meses, a maior desde fevereiro de 2023. Em outras palavras: o Brasil bate recordes de produção agrícola, mas o povo paga caro para comer. A mesa do brasileiro continua vazia, mesmo com os depósitos de alimento cheios.
O aparente paradoxo é, na verdade, a face mais crua de um modelo econômico que prioriza o lucro em detrimento à vida. O agronegócio brasileiro, estruturado sob os pilares ultraliberal, está voltado quase que exclusivamente para o mercado externo. Exporta toneladas de grãos, carne e commodities, mas importa insegurança alimentar.
O que deveria ser soberania vira dependência, o que poderia alimentar a população vira cifra para os latifundiários. O modelo agroexportador concentra renda, terra e poder. Destrói a agricultura familiar, expulsa pequenos produtores, devasta o meio ambiente e precariza relações de trabalho.
A verdade é que o agro, exaltado como "pop" e "tecnológico", representa a essência do ultraliberalismo no Brasil: um sistema que transforma direitos em mercadoria, recursos naturais em ativos financeiros e comida em instrumento de especulação.
Agrotóxicos que envenenam o Brasil
O Agronegócio é celebrado nos palanques políticos como motor da economia, mas na terra age como indústria da morte. Avança pulverizando comunidades, secando rios, matando peixes, destruindo culturas. Onde o agro cresce, gente adoece. A conta do lucro que não aparece nas propagandas do “agro é pop” é paga com sangue e exílio rural.
De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, mais de 17 mil famílias sofreram intoxicações por agrotóxicos no último ano. Em muitas regiões do país, os relatos são de aviões lançando veneno sobre escolas e casas, com crianças vomitando e idosos com a pele em carne viva. É massacre a céu aberto, silenciado por quem lucra com a terra envenenada.
O Estado finge que regula, mas protege quem contamina. O Congresso aprova pacotes de veneno com nome de modernização. Tudo funciona para manter intocável a engrenagem que produz grãos para exportação e tragédias para quem planta para viver.
Diante do abandono, surgem resistências como a Rede de Agroecologia do Maranhão e a Campanha Contra os Agrotóxicos. Com pouco recurso e muita coragem, coletivos ao redor do Brasil denunciam crimes, formam lideranças, defendem a terra como espaço de vida e não de lucro. O agro é tóxico, letal, é projeto de morte.
Fonte: Seeb-Bahia