Alta dos preços prejudica população mais pobre
Os preços dos alimentos no mercado internacional sobem cada vez mais e, junto com eles, crescem também os valores no mercado doméstico provocando reajustes em outros segmentos de comércio e serviços. Segundo o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, isso ocorre porque a indexação ainda é um traço cultural muito forte no Brasil. Essa alta dos preços prejudica toda a sociedade, mas, no que se refere à alimentos, especificamente, os mais prejudicados são os mais pobres, porque a alimentação tem maior peso na composição dos seus gastos. A afirmativa é comprovada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que calcula o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), para famílias com renda de até oito salários mínimos, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para as que recebem até 40 salários. Dos sete conjuntos de preços que compõem os dois índices do IBGE, o item alimentos é o que tem maior peso em ambos, de 33,10% no INPC e de 25,21% no IPCA. As famílias de menor poder aquisitivo também são mais prejudicadas em dois itens de primeira necessidade, a habitação e o vestuário, com 12,53% no INPC e de 10,91% no IPCA, enquanto o vestuário pesa 13,16% e 12,49%, respectivamente. Os mais pobres, que não têm casa própria, ainda pagam aluguel indexado ao Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que tem variado em torno de 11% ao ano. A coleta de preços foi realizada nas regiões metropolitanas de Salvador, Belém, Fortaleza e outras.