5 de Abril de 2012 às 23:59
Artur Henrique: falta força política para derrubar imposto sindical
Em entrevista a coluna Poder Econômico do portal IG o presidente da CUT, Arthur Henrique, fala sobre o fim do imposto sindical

Apesar das constantes mobilizações – e dos projetos que há décadas se arrastam no Congresso – o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique, não vê um cenário adequado para a aprovação do fim do imposto sindical.
Para ele, falta coordenação de força política para derrubar a cobrança.
- Não é possível ter um país onde 2,3 novos sindicatos são criados por dia, disse ao Poder Econômico.
Poder Econômico – Algumas categorias conseguiram, recentemente, derrubar o imposto sindical na Justiça. Isso é um sinal de que o ambiente político começa a ficar favorável para o fim da cobrança?
Artur Henrique - O ambiente ideal existe há 30 anos. A CUT nasceu há 30 anos e não conseguimos ainda mudar esse cenário. Mas esse é o tipo de iniciativa que contribui para que possamos, dentro do chamado grupo de operadores da Justiça, fazer entender que essa tem que ser uma definição. Isso pode ajudar a ampliar o leque de alianças para esta luta que não é fácil.
Poder Econômico – Mas as discussões atuais estão em estágio mais avançado?
Artur Henrique – Temos uma situação favorável, mas precisamos da participação dos trabalhadores. Eles são os principais interessados e devem ser ouvidos. Conseguimos, no Fórum Nacional do Trabalho, por ocasião do primeiro mandato do Lula, um esforço grande em construir um projeto, apoiado pelas seis centrais sindicais e esse projeto foi entregue ao Congresso. O problema é que ele chegou no auge da crise de 2005, que ninguém queria votar nada. O projeto não andou e está parado lá até hoje. Então, é um problema de correlação de forças.
Poder Econômico – E há mais projetos no Congresso pedindo o fim do imposto sindical?
Artur Henrique - Há 30 anos temos projetos, que na verdade estão engavetados ou em algum canto no Congresso, mas não tem correlação de força para votar. Em uma época, tinha um projeto de acabar com o imposto em cinco anos e os mais aguerridos queriam que acabasse imediatamente. Isso aconteceu há 15 anos e o imposto segue aí até hoje.
Poder Econômico – Você acredita que o imposto caia em breve?
Artur Henrique - A nossa esperança é de que a gente consiga mostrar que essa estrutura não dá mais conta de atender aos grandes desafios que temos na relação capital-trabalho. Precisamos fortalecer a negociação coletiva. Para isso, é fundamental ter sindicatos fortes e representativos. Os empresários também querem isso. Eles querem ter alguém para negociar. Até o setor empresarial está percebendo que precisamos de uma mudança na estrutura sindical para mudar o processo de negociação. Não podemos permitir que a estrutura sindical seja fragmentada do jeito que está. Não é possível um país onde 2,3 novos sindicatos são criados por dia. Sindicato de Professor de Educação Física… é Sindicato de Professor. Daqui a pouco, você tem o sindicato do professor de História… É tudo o mesmo patrão. Precisamos mudar para uma estrutura sindical mais representativa. Essa é a nossa luta.
Fonte: Portal iG