BANCOS ABUSAM: Enquanto a clientela subiu 60,5%, o número de bancários caiu 50%
Os dados servem para mostrar a completa falta de responsabilidade social dos bancos. Nos últimos cinco anos, o número de clientes aumentou 60,5%, chegando a 115 milhões. No entanto, o contingente de bancários foi reduzido à metade de 1990, quando era de 1,2 milhão, para menos de 600 mil na atualidade. Os dados são do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Quer dizer, cresce o volume de serviço e reduz o de empregados. O resultado não pode ser outro senão o caos no sistema financeiro. Apesar de discriminar a população de baixa renda, os bancos aumentaram surpreendentemente o número de clientes. Em 2005, apenas 16,1% dos brasileiros tinham conta em agências. Hoje são 60,5%, nada menos do que 115 milhões de pessoas, segundo o Ipea. O crescimento, no entanto, não se traduz em investimentos e melhorias para os funcionários. Pelo contrário. Nos últimos anos, o número de empregados no setor teve uma redução drástica. Em 1990, existiam no Brasil cerca de 1,2 milhão de trabalhadores em organizações financeiras. Atualmente, o número não passa dos 600 mil. Segundo o Diretor de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região, Ronaldo Ferreira Ramos, “Um grave problema decorrente das demissões é a sobrecarga de trabalho com conseqüente aumento de doenças ocupacionais. O bancário hoje, além de prestar atendimento ao cliente, tem de vender serviços e quando não cumpre a meta estabelecida, corre o risco de ser vítima do tão conhecido assédio moral”. Para o vice-presidente do Sindicato dos Bancários de Dourados e Região, Carlos Longo, “O resultado dessa irresponsabilidade dos banqueiros é que enquanto os bancos aumentam o número de correntistas e, por tabela, o lucro, a categoria é hoje uma das mais afetadas por doenças psíquicas que, muitas vezes, leva a depressão e até mesmo ao suicídio”. Ou seja, ainda segundo Longo, “É a precarização da relação de trabalho em nome do dinheiro fácil”.