BB impõe plano de funções; Sindicato exige manutenção do salário e ampliação do público-alvo de 6h
O Banco do Brasil manteve a linha intransigente, apresentada na semana passada, de não negociar e implantar unilateralmente nesta segunda-feira 28 o novo plano de funções comissionadas de 6 horas, que envolvem a vida de milhares de trabalhadores.
“A abrangência dos cargos que o BB reconheceu é decepcionante. Diante disso, seguiremos lutando pelo reconhecimento da jornada legal de 6 horas para todos sem redução de conquistas. Esperávamos que o processo de construção do novo plano de funções não fosse apenas uma adequação financeira de alguns cargos, mas a reavaliação geral de toda a estrutura de remuneração do Banco do Brasil”, destaca Eduardo Araújo, diretor do Sindicato. “Avançamos mais um passo na estratégia que foi retomada em 2004, de exigir do BB o respeito à jornada de 6 horas, e seguiremos na luta por uma remuneração justa e por condições de trabalho dignas”.
“Para dar suporte às conquistas e à luta dos bancários, também ingressamos com diversas ações judiciais que foram vitoriosas, como a de interrupção de prescrição e as ações coletivas por grupos, entre outras. Vamos analisar agora o reforço desses processos, para que o banco pague o passivo trabalhista, e o direito dos bancários seja preservado. Os bancários devem continuar acompanhando as informações sobre essas ações pelos veículos de comunicação do Sindicato”, complementa Rafael Zanon, secretário de Assuntos Jurídicos.
Com o novo plano, cujo detalhamento foi feito aos sindicatos pelo banco nesta segunda-feira 28, em São Paulo, o BB extinguiu neste domingo 27 várias funções técnicas lotadas em Unidades Estratégicas (UE) e migrou unilateralmente esses comissionados para o que ele entende ser função de confiança (FC) com jornada de 8 horas, com prazo de adesão de seis dias úteis. O banco afirmou que extinguirá a função de Assessor Júnior de UE e congelou os trabalhadores que não tiverem promoção, num processo de transição que deve durar seis meses. O BB se limitou a reconhecer a jornada de 6 horas para as Unidades de Apoio (UA) e Unidades de Negócios (UN). Para esse público, criou funções gratificadas (FG) e colocou em extinção os cargos comissionados, cujos funcionários podem migrar a qualquer tempo para as novas funções de 6 horas, com redução de salários, ou ficar em suas funções antigas de 8 horas.
Ditec
No caso da Ditec, haverá, por conta de uma reestruturação complexa combinada com o novo plano, um processo diferenciado e com calendário específico. Assim, todas as comissões não gerenciais foram extintas e foram criadas 230 novas funções, passando a dotação de 3.699 para 3.929 funcionários.
Com a reestruturação, a Ditec foi subdividida em três novas unidades: UES-TI – Estruturação de Soluções, que abrigará 25% do quadro total de funcionários, que terão, todos, função comissionada, com jornada de 8 horas; UCS-TI – Construção de Soluções, que terá dotação de funções gerenciais de 8 horas e gratificadas de 6 horas; e UOS-TI – Operação de Soluções, que terá o mesmo formato, com funções gerenciais e funções gratificadas.
As funções gratificadas de 6 horas, assim como nas UAs e UNs, terão direito de fazer duas horas extras por dez dias no mês, por um período de um ano, a contar da data da implantação do plano.
Em sua exposição, o BB apresentou o seguinte calendário para a Ditec:
1ª etapa – 28/01 a 15/02: prazo para confirmação, pelo funcionário, da indicação do novo local e função;
2ª etapa – 18/02 a 01/03: os funcionários que não fizerem a confirmação poderão concorrer para qualquer outra função, dentro da Ditec, mantida a prioridade de aceitação na indicação inicial;
3ª etapa – 04/03 a 28/03: os funcionários que não forem selecionados nas concorrências ou não aceitaram a opção inicial serão realocados dentro da Ditec.
Orientações
O Sindicato fará reuniões e plenárias com os trabalhadores nesta semana para dar informações e orientações jurídicas e políticas, bem como para recolher informações dos bancários para que, juntos, bancários e Sindicato, possam embasar a tomada de decisões por parte dos funcionários.
O Sindicato reafirma a orientação da semana passada para que os bancários mantenham a calma e não tenham pressa em assinar nada até as plenárias - tanto no caso dos migrados compulsoriamente nas funções de confiança (8h) como o público-alvo das funções gratificadas (FG) com redução de salário (6h) -, uma vez que terão o tempo que acharem necessário para migrar ou não, de acordo com a avaliação de cada um.
O Sindicato seguirá à disposição dos bancários durante todo o período de implantação do novo plano de funções do banco, tanto para defendê-los com atividades sindicais, bem como com ações judiciais.
Da Redação com informações da Contraf-CUT