Brasil bate recorde de carteira assinada e de rendimento médio salarial

Junto à menor taxa de desemprego já registrada pelo IBGE desde 2012, país apresenta outros índices positivos para o mercado de trabalho: ‘Fruto da retomada de investimentos públicos em setores que beneficiam criação de vagas de qualidade’, avalia movimento sindical
O Brasil registrou o menor índice de desemprego dos últimos 13 anos, com recordes também nos níveis salariais e de empregos com carteira assinada. A informação é da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No trimestre encerrado em junho de 2025, a taxa de desemprego foi de 5,8%, a menor já registrada desde 2012, pelo IBGE. Em números, o país tinha 102,3 milhões de trabalhadores ocupados e cerca de 6,3 milhões desocupados, em junho deste ano.
O rendimento salarial médio mensal também bateu recorde ao atingir o maior patamar já registrado pelo IBGE: R$ 3.477 – valor 1,1% acima do que foi apurado no primeiro trimestre do ano e 3,3% maior do que o registrado no segundo trimestre de 2024.
Já a quantidade de pessoas com carteira assinada no setor privado chegou a 39 milhões – crescimento de 0,9% em relação ao primeiro trimestre de 2025 e, também, o maior já registrado pelo IBGE, desde 2012. Em comparação ao mesmo trimestre de 2024 o número de empregados com carteira assinada cresceu 3,7% (mais 1,4 milhão de pessoas com CLT).
O total de empregados sem carteira assinada no setor privado chegou a 13,5 milhões, alta de 2,6% (mais 338 mil pessoas) no trimestre. Em relação ao segundo trimestre de 2024 o número ficou estável.
Com os maiores níveis de pessoas ocupadas e de rendimento médio já registrados, o país alcançou o ponto mais alto já visto em massa de rendimentos: R$ 351,2 bilhões – patamar que supera em 5,9% (R$ 19,7 bilhões) o montante registrado no mesmo trimestre de 2024.
Para a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, o aumento de emprego tem origem no crescimento ininterrupto da atividade econômica. "Isso é fruto da retomada de investimentos do governo federal, com políticas de incentivos para vários setores, a exemplo do Plano Safra, para o setor agrícola; o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para a infraestrutura; e o Nova Indústria Brasil (NIB), para impulsionar industrialização do país até 2033", elencou. "O aumento de empregos com carteira assinada, portanto de qualidade e cobertos pelos direitos da CLT, corrobora essa análise”, completou Juvandia, que também é vice-presidenta da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Queda na informalidade e de desalentados
O levantamento do IBGE também apontou queda na taxa de informalidade, que ficou em 37,8% (38,7 milhões de trabalhadores informais). No trimestre anterior, encerrado em março, a taxa foi de 38,0% (38,2 milhões), e no trimestre encerrado em junho de 2024 de 38,7 % (ou 38,6 milhões).
A população desalentada (pessoas que desejam trabalhar, mas que desistiram de procurar emprego ativamente, seja por falta de oportunidade, idade, falta de experiência ou qualificação), no trimestre encerrado em junho deste ano, ficou em 2,8 milhões, queda de 13,7% (436 mil pessoas a menos) em relação ao trimestre anterior e de 14,0% (menos 449 mil pessoas) no ano.
O mercado de trabalho melhorou?
Apesar dos dados positivos, o movimento sindical avalia que é preciso avançar nas discussões sobre a qualidade de vagas no mercado de trabalho.
“Além de ainda convivermos com uma alta taxa de informalidade (37,8%, segundo levantamento recente do IBGE), seguimos sofrendo as consequências da reforma trabalhista imposta pelo então governo Temer, a partir de 2017, e que trouxe inseguranças para os trabalhadores, permitindo a ampla pjotização e terceirização em diversos setores e atividades-fim”, observou Juvandia Moreira.
O secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, completou que a falta de direitos trabalhistas nas plataformas digitais prejudica o mercado de trabalho como um todo, contribuindo para o discurso que descredibiliza os direitos trabalhistas.
"Essas empresas, como Uber, 99 e Ifood, por exemplo, favorecem a precarização do trabalho. E é claro que, neste cenário em que essas plataformas maximizam seus lucros e deixam todo o ônus da falta de vínculo empregatício para os trabalhadores, outros setores, que não são de plataformas digitais, se sintam fortalecidos para descredibilizar os direitos trabalhistas como se fossem benefícios e não conquistas, frutos de luta da classe trabalhadora, contra a concentração do capital na mão de poucos e em favor da distribuição justa de renda para todas as camadas da população", concluiu o dirigente sindical.
Fonte: Contraf-CUT