20 de Setembro de 2011 às 23:59
Carta do Banco do Brasil é afronta aos funcionários. Hoje tem nova negociação
Direção do banco justifica que pelo bem de seus acionistas, “qualquer benefício significa aumento no dispêndio da empresa”
“É inviável pensar em reajustes com base em índices proporcionais ao crescimento do resultado”. O trecho integra correspondência enviada pelo diretor de relações com funcionários e entidades patrocinadas do Banco do Brasil, Carlos Eduardo Leal Neri, a todos os bancários da instituição financeira.A carta, enviada aos trabalhadores na tarde da quinta-feira, 15/9, versa sobre o Acordo Coletivo 2011, aditivo à CCT negociada entre a federação dos bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários, onde também se admitia que “o resultado do Banco do Brasil no primeiro semestre deste ano foi realmente muito bom e sabemos que foi alcançado graças ao trabalho árduo da corporação como um todo”.
No primeiro semestre de 2011 o BB lucrou R$ 6,3 bilhões. Somente com as receitas de prestação de serviços, que acumularam R$ 8, 5 bilhões, foi possível custear todos os seus gastos com pessoal, que foi de R$ 6,6 bilhões. Apesar disso a correspondência declarava que “não existem sobras no lucro do banco”.
O documento gerou indignação dos trabalhadores. Para piorar, a carta chega em plena Campanha Nacional Unificada 2011 e demonstra o espírito dos banqueiros frente à mesa de negociação.
Enviada um dia após a segunda rodada de negociação específica entre o Comando Nacional dos Bancários e a direção do BB, a carta tentava sensibilizar os bancários – a quem chamam de ‘colega’ – pedindo competitividade a fim de agradar os acionistas com um eficaz “gerenciamento das despesas”.
> Leia a íntegra da carta enviada pela direção do BB aos funcionários
O Comando Nacional informou que os representantes do banco chegaram a ameaçar, durante negociação do dia 14, com a retirada de cláusulas do acordo aditivo, além de não apresentarem nenhuma proposta às reivindicações entregues pelos trabalhadores há mais de um mês. Ainda segundo os representantes dos trabalhadores os bancários querem negociar com seriedade e não estão percebendo a mesma postura do banco. Isso mostra que teremos de ampliar a mobilização para fazer com que a empresa negocie com seriedade.
Licença para assediar - Outro pronunciamento do banco que revoltou os trabalhadores foi postado no blog criado pelo BB especificamente para tratar sobre a negociação coletiva. O banco, por exemplo, não pretende renovar a cláusula de três avaliações negativas para a possibilidade de descomissionamento por desempenho. Ela não tem se demonstrado eficaz para a gestão, declarou placidamente o negociador do banco, José Roberto Mendes do Amaral. É como se o banco dissesse: ‘trabalhador, queremos retirar uma cláusula que protege você para poder ameaçar, torturar, assediar com descomissionamentos caso não cumpram as nossas metas altíssimas”. É um absurdo se pensar nisso. Como se o bancário já não estivesse exposto a pressões desumanas.
O banco, além de não cumprir o que foi acordado no aditivo que está em vigor, ainda planeja retirar direitos, desvalorizando seus trabalhadores que, como admite a própria carta, foram os principais responsáveis pelos ótimos resultados do último semestre. Os trabalhadores de empresas incorporadas não tem direito à Cassi e a Previ e o plano odontológico levou anos para ser incluído, mas ainda precisa ser melhorado.
Boa parte das reivindicações dos bancários não é onerosa para o banco. A questão do assédio moral, das metas abusivas, do descomissionamento e perda de função em caso de afastamentos médicos, por exemplo, não se justificam. A categoria tem que dar o troco a essa afronta e a hora é agora.
Boa parte das reivindicações dos bancários não é onerosa para o banco. A questão do assédio moral, das metas abusivas, do descomissionamento e perda de função em caso de afastamentos médicos, por exemplo, não se justificam. A categoria tem que dar o troco a essa afronta e a hora é agora.
Nesta terça tem negociação clique aqui e confira



