5 de Outubro de 2011 às 23:59
Cliente classe A é alvo de disputa
Correntista vip tem regalias no atendimento prestado e paga mais barato pelos serviços nos bancos
Escolhidos a dedo pelos bancos que atuam no Brasil, os clientes vips são beneficiados com serviços diferenciados por terem maior poder aquisitivo. No Santander, por exemplo, para ser um Van Gogh, é necessário ter entre R$ 4 mil e R$ 100 mil em investimentos. As aplicações resultam em mordomias de dar inveja. Enquanto o cliente convencional tem de fazer milagre para conseguir atendimento entre 10h e 16h, os vips não precisam se preocupar, pois o banco está disponível até às 22h, para atendimento gerencial por telefone, e até às 0h, para atendimento geral.
Os privilégios não param por aí. As taxas de empréstimos e financiamento também são menores. Um Van Gogh paga entre 1% e 2% a menos do que o correntista convencional. O cartão também é diferenciado com 1,5 de milha, uso no exterior, seguro embutido. Sem contar com o serviço, muito mais completo (TED, DOC, sustação de cheque, espaço Van Gogh, que possui sala reservada e caixa exclusivo). Os mais de 2 milhões de clientes ainda têm direito a dois saques no exterior e anuidade nos cartões. Uma disparidade com a população de baixa renda, obrigada a pagar as maiores tarifas e com tempo limitado para ter acesso à agência.
As mordomias, no entanto, não se restringem ao Santander. Todos os bancos oferecem vantagens para os clientes Vips. Os 430 mil Primes do Bradesco, por exemplo, também têm regalias, como gerente exclusivo, atendimento preferencial, rede exclusiva de agências, ambiente privativo para atendimento nas agências, internet Banking exclusivo, call Center com especialistas em produtos de investimento e extrato consolidado. Mas, para usufruir dos benefícios a renda tem de ser de R$ 6 mil e o investimento de mais de R$ 70 mil.
De acordo com o economista Hamilton Ferreira, os bancos dão benefícios aos ricos, pois o custo para administrar o débito de uma pessoa é mais barato do que o de várias que podem não ter como pagar a dívida. “O pobre é penalizado por não ter dinheiro”, afirma.
Enquanto isso o resto da população é empurrada para os correspondentes bancários, sem nenhuma segurança física ou até mesmo de sigilo bancário ou, ainda, obrigada a penar em intermináveis filas nas agências bancárias abarrotadas de clientes e usuários e com número reduzido de funcionários, já que os bancos se lixam para os demais cidadões, inclusive para os seus próprios funcionários.