Congresso de peritos do INSS contra beneficiários
Evento deixa a desejar quando o assunto é o bem-estar dos trabalhadores A Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP) promove, a partir de hoje, o 3º Congresso Brasileiro de Perícia Médica Previdenciária. O evento, que acontece até sexta-feira, no Rio de Janeiro, apesar de ter apoio governamental, aparentemente não possui objetivo real de criação de políticas públicas. Pelo contrário. Os indícios apontam que o enfoque principal das palestras é orientar os profissionais de saúde a condenar o trabalhador que dê entrada no beneficio do INSS, como um fraudador. Ao direcionar para si o direito de criar regras de perícias, a ANMP impede que a população, principal interessada, participe das discussões para defender os próprios direitos. Traduzindo ao pé da letra, o evento não mostra na programação a intenção de promover políticas públicas para a sociedade. O Movimento Sindical, juntamente com outros órgãos de defesa do trabalhador, exige que seja feita uma Conferência Nacional de Previdência Social para os segurados e as representações. A sociedade tem direito de discutir políticas públicas para o setor. Na maioria dos casos é desconsiderado, no período de afastamento, o fato de o indivíduo ter se tratado, pois o trabalhador não se afasta sem a determinação de um médico. Atualmente, ao marcar uma perícia, o beneficiário só é atendido após 60 dias e, quase sempre, é julgado que a pessoa não estava doente. A questão principal apontada pelo movimento sindical é se as palestras servem de qualificação para o perito. É provável que a principal intenção seja a de desvirtuar o papel do perito, que julga qualquer situação como fraudulenta. A sociedade deve estar atenta para a realização de eventos desse porte, pois a discussão de políticas públicas deve ser com a participação popular e não somente definida por um grupo restrito.