Consumidores de baixa renda uma mina de ouro
Os consumidores de baixa renda no Brasil podem ser considerados uma “mina de ouro” para a indústria financeira, varejistas, empresas de seguros, entre outros segmentos. Estes clientes, com renda familiar mensal de até R$ 3.500,00 - que formam as classes C, D e E no País -, respondem por um consumo anual da ordem de R$ 530 bilhões, com perspectiva de crescer este volume para R$ 550 bilhões ainda este ano. Juntas, essas classes sociais representam 87% da população brasileira e detêm 62% dos cartões de crédito em circulação. Os números foram apresentados por Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular, durante o Seminário “Segmentação Estratégica para Produtos Financeiros”, evento realizado pela Partner Conhecimento. Na opinião do especialista, estes consumidores são o grande alavancador da economia brasileira, impulsionados pelo crédito concedido pelos bancos e varejo. Ele considera a expansão dos cartões nesta camada social um fator importante que completa um desejo aspiracional deste público e, acima de tudo, proporciona uma nova modalidade de pagamento com prazo para pagar as despesas. “Neste contexto, os private labels têm papel fundamental na vida destes clientes, uma vez que eles possuem vários limites para consumir em diferentes lugares. Com o crédito mais fácil, principalmente aquele ofertado pelo varejo, esses consumidores cada vez mais movimentam a economia”, diz. Meirelles destaca que, entre a classe C, 59,1% possuem cartão de crédito; na classe D o plástico está presente em 50,2%; e na E, 43,9% da população já têm o produto. Além dos cartões, private label ou bandeirado, o executivo ressalta que a indústria de seguros também está colhendo bons frutos por investir na baixa renda. “Assim como os consumidores das classes mais altas desejam ter seguros para seus veículos, residências, eletrodomésticos, entre outros, o consumidor popular igualmente quer garantia para os seus bens”, afirma. Para isso, o canal varejo tem sido porta de entrada para negócios rentáveis. “No futuro, só será líder de mercado quem souber lidar com as classes populares”, completa. Outras duas pesquisas, realizadas pela Itaucard e MasterCard, mostram que a baixa renda é uma das grandes responsáveis pelo crescimento econômico, em especial da indústria de cartões de crédito. Levantamento da MasterCard Advisors mostra que, em 2004, do total de cartões de crédito emitidos no País, 11% estavam nas mãos da baixa renda; em 2006 esse percentual subiu para 15%. “O aumento da participação da baixa renda no mercado de meios eletrônicos de pagamento se dá graças a diversos fatores, entre eles, o crescimento da bancarização e do poder de compra desse segmento, a chegada de novos entrantes com foco no mercado de baixa renda, as parcerias entre varejistas e instituições financeiras, além da amplitude da rede de estabelecimentos credenciados”, analisa José Tosi, gerente-geral da MasterCard Brasil. Já o estudo da Itaucard considera que 2007 é o ano da consolidação dos cartões como meio de pagamento na camada popular. Até dezembro, o setor deve dobrar o volume faturado em 2003, e um dos principais componentes deste resultado é a penetração maciça junto ao público de baixa renda - parcela da população que ganha entre R$ 150 e R$ 1.499 por mês. Nos últimos quatro anos, o crescimento do faturamento da indústria foi de 136% junto a este público, enquanto nas demais faixas alcançou 85%. Em número de cartões, enquanto em 2003 este público respondia por 58% do total de cartões emitidos (26 milhões de plásticos), a estimativa é que, neste ano, sua participação salte para 67% (61 milhões de unidades). "Este aumento indica que esses consumidores perceberam que com cartão de crédito eles podem controlar melhor os seus gastos rotineiros e obter mais crédito, sem juros, para compras de bens de maior valor", afirma Fernando Chacon, diretor de Marketing de Cartões do Itaú. Fonte Partner Consultoria Por Heloisa Valente