Continua a greve dos trabalhadores nos Correios
Sob uma fina garoa que insistia descer sobre Campo Grande, na manhã desta sexta-feira, dia 23, os trabalhadores do Correios da Capital e de várias cidades do Estado realizaram uma grande passeata.
Escrito por: Palmir Cleverson Franco
Sob uma fina garoa que insistia descer sobre Campo Grande, na manhã desta sexta-feira, dia 23, os trabalhadores do Correios da Capital e de várias cidades do Estado realizaram uma grande passeata pelo centro da cidade, com apitaço e palavra de ordem contra a direção dos Correios pela intransigência nestas negociações.
Mais de 150 trabalhadores vieram do interior de Mato Grosso do Sul especialmente para a manifestação. São funcionários de Três Lagoas, Aquidauna, Chapadão do Sul, Sidrolândia, entre outras cidades. “Os trabalhadores de Dourados e Jardim não participaram porque realizam protestos em seus municípios”, informou Alexandre Takachi, secretário geral do Sintect (Sindicato dos Trabalhadores nos Correios, Telégrafos e Similares de Mato Grosso do Sul).
Em greve desde a quarta-feira (14) a passeata teve apoio de um carro de som e participação de representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores). O movimento contou com cerca de 400 pessoas, começando na Rua Barão do Rio Branco, seguindo por outras vias, como 13 de maio, 14 de Julho e, principalmente, Avenida Afonso Pena. Além dos gritos de guerra, os trabalhadores realizaram “batucada e apitaço”. Até a réplica de um “caixão”, simbolizando a morte no setor, foi levado pela categoria. “Estamos entrerrando o presidente dos Correios, Sr. Wagner Pinheiro. Só vamos voltar ao trabalho quando houver uma proposta que favoreça nossa categoria”, disse Alexandre Takachi, Presidente do Sintect
Durante a passeata várias entidades de classe, como os bancários, que também aprovaram na noite da quinta-feira, o indicativo de greve para o dia 27; trabalhadores dos transportes; da enfermagem; dos indígenas, engrossaram a passeata, fazendo o enterro simbólico do presidente dos Correios, Wagner Pinheiro de Oliveira.
Entrando no 11º dia de paralisação, os trabalhadores dos Correios de Mato Grosso do Sul permanece no firme propósito de só voltar ao trabalho, quando a direção da empresa apresentar uma contraproposta que seja razoável para ser apreciada pela categoria. Em todo o Estado a categoria está mobilizada e a paralisação atinge cerca de 70% de todo o efetivo, afetando sensivelmente o trabalho dos Correios no MS. Mesmo sob forte pressão da direção da empresa, que pratica terrorismo contra o trabalhador, ameaçando com demissões, corte dos dias parados e transferência para outras localidades, a categoria mantém o firme compromisso com o movimento grevista e não volta ao trabalho, até que uma boa proposta seja apresentada.
Na quinta-feira, o comando nacional dos trabalhadores sugeriu uma pauta de negociação para ser apreciada pelos sindicatos filiados a Fentect, por entender a greve não está gerando nenhum avanço nas negociações. A empresa, vinha divulgando, através da imprensa, que aguardava uma contraproposta. Por considerar que a pauta de reivindicação não pode ser modificada, pois foi referendada em assembléia geral, o comando seguiu as normas do estatuto da Federação, e só apresentaria a contraproposta à ECT, com aprovação de 50% + 1, no mínimo, dos 35 sindicatos filiados à FENTECT. Desta forma, os trabalhadores do Correios de Mato Grosso do Sul, em assembléia geral, aprovou a seguinte contraproposta à ECT:
Reposição da inflação de 7.16%, calculados pelo IPCA;
Reposição das perdas salariais de 24.76%, de 1994 à 2010;
Piso salarial de R$ 1.635,00;
Aumento linear de R$ 200,00;
Vale alimentação/refeição de R$ 28,00;
Vale-cesta de R$ 200,00
Vale extra em Dezembro/2011 no valor de R$ 750,00;
Portaria para Motociclista e Motorizado no valor de R$ 500,00;
Diferencial de Mercado para todos os trabalhadores(as) no valor de R$ 180,00;
Auxílio creche para todos os trabalhadores(as), até o sétimo ano de vida de
seus filhos e, após essa idade, ser transformado em auxílio educação no valor de
R$ 500,00;
AADC para todos os Motoristas;
Não contratação de mão de obra terceirizada;
Contratação imediata dos concursados;
Não desconto dos dias parados em decorrência da greve;
Abono dos dias de paralisações ocorridas nos estados: Rio Grande do Sul, em
10/08/2011, e Piauí, em 31/08/2011. Permanecem as demais reivindicações constantes da Pauta Nacional de Reivindicações aprovada no XXX CONREP e referendada nas assembléias.
Mesmo tendo os trabalhadores aprovado uma pauta mais flexível, demonstrando o desejo de negociar e encerrar a paralisação, a direção dos Correios já avisou que a pauta aprovada pela categoria também não será aceita, deixando claro que pretende estender essa greve por tempo indeterminado, causando grandes prejuízos à sociedade, por não reconhecer o esforço e remunerar dignamente seus trabalhadores.
Por volta das 11h, o movimento grevista fez uma pausa para o almoço e, logo mais à tarde, os grevistas pretendiam continuar a manifestação nesta sexta-feira. “Lutamos por salário digno, novas contratações urgentes e menos sobrecarga para os nossos colegas”, disse Takachi. Segundo ele, o desgaste físico é enorme e os carteiros sempre ficam estressados devido ao excesso de trabalho.
Fonte: CUT-MS