12 de Outubro de 2013 às 23:59
Em represália por prisões de sindicalistas, Sindicato dos Bancários "lacram" Banco do Brasil

Surpresa para uns, indignação para outros, essa é a situação de quem precisou dos serviços da agência do Banco do Brasil de Caarapó na manhã de hoje (10). É que as portas que dão acesso à instituição foram totalmente tampadas com uma lona que impede literalmente a entrada de funcionários e clientes.
O diretor do Sindicato dos Bancários da Grande Dourados, Carlos Alberto Longo, disse a reportagem do CaarapoNews, que o ato é uma resposta as supostas atitudes truculentas e de desrespeito por parte da gerência local contra a greve que é nacional e contra os sindicalistas.
“A greve foi deflagrada nacionalmente no último dia 19. Após uns quatro dias viemos a Caarapó conscientizar os gerentes e os funcionários sobre o movimento e desde então não fomos atendidos pela gerência do Branco do Brasil. Fizemos um acordo de liberar quatro profissionais para fazer os serviços emergenciais, mas mesmo assim fomos desrespeitados. Como foi noticiado até caso de polícia houve aqui, inclusive tivemos a prisão de dois sindicalistas. De todas as agências de Caarapó a referida agência foi a única na cidade a arrancar por mais de uma vez os cartazes e faixas que sinalizam a existência da greve”, enfatizou.
“Nossa greve não é só pelo salário, mas sim contra o abuso dos bancos. Entre as nossas propostas estão à contratação de mais gente para atender os clientes que tem sofrido com as longas filas e também tentar baixar as taxas de juros que são altíssimas”, informou Longo.
“Sabemos que não é legal proibir o direito de ir e vir das pessoas, mas o certo é que algo tem que ser feito, porque na realidade ninguém ganha mais dinheiro do que os bancos, e com isso quem fica no prejuízo são os funcionários, clientes, usuários, ou seja, a sociedade brasileira em si. Por isso pedimos desculpas à população pelo transtorno, mas ao mesmo tempo reivindicamos a colaboração da mesma, que diretamente será beneficiada pelo movimento”, observou Carlos.
O diretor disse ainda que em todo Estado a única agência que teve que ser tratada dessa forma é a do Banco do Brasil de Caarapó. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu uma proposta de aumento de 7,1%, mas mesma foi rejeitada em assembléia de forma unânime na cidade de Dourados pelos 158 membros. Está prevista para hoje mais uma rodada de negociação.
Outro lado – Procurado pela reportagem do CaarapoNews, o gerente do Banco do Brasil, Eduardo Ozório, disse que algumas informações passadas pelos sindicalistas não procedem. “Quando os sindicalistas estiveram aqui no primeiro dia foram atendidos e conversamos a respeito da greve. Quando o Sindicato fala que não foi atendido, isso não é verdade”.
O gerente da agência do BB de Caarapó disse ainda que em duas oportunidades os funcionários queriam entrar para trabalhar e foram impedidos pelo sindicato, ferindo, segundo ele, o que está previsto na lei da greve. “Na primeira oportunidade em que estiveram na agência o representante do sindicato disse aos funcionários que eles eram obrigados a aderirem à greve. Assim como o empregador não pode forçar os funcionários a trabalharem, o sindicato não pode obrigar os funcionários a aderirem à greve”, argumentou.
Sobre a presença da Polícia e a prisão de sindicalistas, Ozorio disse que as autoridades policiais foram chamadas para garantir o direito previsto, conforme ele, na Lei da Greve que no seu 6º artigo prevê: “As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa”. “Se o sindicato não estivesse ferindo a lei, o Delegado não os teria levado presos. Só é preso quem não cumpre com o que é previsto em lei. O próprio sindicato assume que não é legal impedir a entrada dos funcionários. Por que então eles descumprem a lei?”, questionou.
Em relação ao protesto desta quinta-feira (11), onde os sindicalistas lacraram a agência, Ozório disse que a atitude é mais um desrespeito com os funcionários que não querem aderir à paralisação e principalmente com os clientes do Banco do Brasil que, segundo ele, estão sendo prejudicados, por não poderem ter acesso a agência.
“O maior prejudicado com isso é a população caarapoense. Nosso compromisso é de atender bem nossos clientes. Hoje cedo tivemos várias pessoas que chegaram para tentar sacar o dinheiro nas contas e foram impedidos, inclusive aposentados. Íamos liberar o pagamento dos funcionários da prefeitura amanhã. Como eles impediram a entrada dos funcionários só vamos liberar na segunda feira, ou seja, quem está sendo prejudicado nesse momento são os funcionários da prefeitura”.
Por fim Eduardo Ozorio afirma que desde o início tentou o diálogo. “O sindicato é quem não adotou medidas drásticas para obrigar os funcionários a aderirem a greve. Os funcionários querem trabalhar, mas estão sendo impedidos. Porque o sindicato não respeita a decisão do funcionário? As vezes a população acha que os funcionários são preguiçosos e não querem trabalhar. Nesse caso todos os funcionários estão aqui para trabalhar mas estão sendo impedidos”, finalizou.
Acordo - No final da manhã, houve um acordo entre os sindicalistas e a direção do Banco do Brasil onde foi permitido a entrada de 3 funcionários e a liberação dos caixas eletrônicos aos clientes.
Fonte: Caaraponews
NOTA DO SINDICATO: A decisão dos funcionários se dá em assembleia previamente convocada para toda a categoria e neste caso a paralisação foi aprovada por mais de 80% dos bancários. A decisão não pode ser tomada por agência e com a interferência direta de gerente que tenta se promover e ganhar individualmente às custas de todos os bancários. Tão lamentável quanto à postura truculenta e antidemocrática do senhor Eduardo Osório foi a sua justificativa.