24 de Fevereiro de 2016 às 23:59
Em reunião do Comando Nacional, Guillermo Maffeo alerta para perigos dos avanços da direita contra os trabalhadores
O encontro continua nesta terça-feira (23) com uma análise da conjuntura política feita pelo senador Roberto Requião (PMDB)
Jaílton Garcia - Contraf-CUT
A primeira palestra do encontro foi de Guilhermo Maffeo, diretor regional da UNI Américas Finanças
Análise de conjuntura, esse é o tema principal da primeira reunião do Comando Nacional dos Bancários em 2016, que começou na noite de segunda-feira (23), na sede da Contraf-CUT, em São Paulo. “Vivemos hoje um momento importante da conjuntura. Temos de levar em conta que enfrentamos um Congresso Nacional inimigo dos trabalhadores e das trabalhadoras. Eles trabalham com uma pauta bomba, com ataques à democracia e aos direitos humanos”, esclareceu Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT.
Juvandia Moreira Leite, vice-presidenta da entidade, lembrou que a Campanha Nacional 2015 foi muito dura, assim como todo o resto do ano. Ela acredita que este cenário não irá mudar até 2018. “A gente tem que pensar como é que vamos nos organizar e nos preparar para os enfrentamentos que teremos nessa conjuntura”, completou.
A primeira palestra do encontro, que termina nesta terça-feira (23), foi de Guillermo Maffeo, recém-eleito diretor regional da UNI Américas Finanças. “É muita responsabilidade para mim, a primeira atividade neste cargo ser na Contraf-CUT, que é a principal entidade da Uni Américas. Sinto-me orgulhoso por participar da primeira reunião deste grupo, que será responsável pela próxima campanha dos bancários de todo o Brasil.”
Para ele, a luta mais eficaz contra a direita e contra as multinacionais, que não respeita os direitos dos trabalhadores, os direitos do povo, é a construção de sindicato fortes, sindicatos com trabalhadores na rua. “Creio que nós, como líderes sindicais, tomar as ruas é a melhor forma de lutar contra a direita. Direita que avança em toda a região.”
O diretor regional da UNI Américas Finanças destacou que a luta da CUT e da Contraf é um exemplo para todos os outros sindicatos da região. “Quando vocês saem as ruas para defender direitos e salários, não estão defendendo só isso. Estão defendendo a democracia, estão defendendo governos que se preocupam com a população, está defendendo o povo”, conclamou.
Maffeo ainda exaltou a importância da bancária brasileira Rita Berlofa assumir o cargo de presidenta mundial da UNI Finanças. “É muito importante que tenhamos uma presidenta como ela, que é fruto dessa casa, fruto dessa luta, fruto dessa reunião. O sindicalismo bancário brasileiro é de suma importância e se reflete nos demais sindicatos da região. A Contraf-CUT tem a responsabilidade de cooperar com as atividades sindicais de países menores, como Paraguai e Costa Rica”, alertou.
Ele contou que, no ano passado, um projeto da Costa Rica ameaçava as empresas públicas do país. “Fomos até lá e fizemos uma marcha – que foi a primeira depois de 20 anos sem atividades na Costa Rica – com 200 bancários. Esse foi o começo de uma marcha, um mês depois, com mais de 15 mil trabalhadores de todas atividades públicas. O movimento acabou com o projeto de lei que tentava acabar com o setor publico.”
Avanços da direita

E não para por aí. Na primeira semana de governo, os bancários souberam que o Banco Central despediria 47 trabalhadores. Esses 47 trabalhadores pertenciam a oficinas que fecharam, como a defesa do consumidor e defesa dos direitos humanos e garantia. “Fizemos 35 dias de manifestação para defender esses companheiros e saímos num só meio de comunicação. Há 5 dias fizemos um acampamento, 24 horas por dia, para não deixar sair dinheiro do Banco Central e não saímos em nenhum meio de imprensa. Isso foi a 150 metros da sede do governo, a 100 metros da principal praça da argentina”, relatou.
Ainda no início de janeiro, o governo Macri tomou mais uma medida antidemocrática. “Prenderam uma companheira que fez um protesto na rua. Os meios de imprensa foram desvirtuando a situação da companheira, falando em corrupção, desvio de verbas públicas. Eu tenho algumas divergências com a companheira, mas não podemos deixar que a impeçam de protestar, de defender seus direitos. Ela queria construir habitações para pobres, com centros de lazeres melhores do que os clubes privados, e acabou presa”, denunciou. “Agora, na Argentina, a lei tem efeito para os pobres, para os trabalhadores, para os dirigentes sindicais e para os dirigentes dos movimentos sociais. Mas não tem nenhum efeito para os empresários, para os poderosos, para os políticos que retiram direitos dos trabalhadores”, completou.
O diretor regional da UNI Américas Finanças apontou os malefícios dessa política para o país. “O Citibank vai fechar suas operações na argentina, porque não tem mais acesso ao credito, não tem mais programas voltado à população, então não é um bom negócio para eles. Só na província de Buenos Aires, mais de 1000 bancários perderão seus empregos.”
Maffeo ainda lamentou a intenção do governo de acabar com protestos e manifestações. “Eles querem criar um lugar para se protestar isoladamente. Nós, como sindicalistas, sabemos que os protestos são importantes e divulgados se mexerem com a sociedade, para sim podemos explicar nossas causas. Há ainda um protocolo que determina que quando os policiais chegarem a m protesto de rua, os sindicalistas têm 5 minutos para liberar a via. Se em 5 minutos as vias não foram liberadas, a polícia tem permissão para reprimir a manifestação com bala de goma. Mais 5 minutos, a polícia tem que avançar com os tanques e, em última instancia, usar armas de fogo.”
Na terça-feira (23), às 10h, a convite da Contraf-CUT, o senador Roberto Requião (PMDB) falará sobre conjuntura política.
Fonte: Contraf-CUT