Fidel Castro exemplo de perseverança
Ele sobreviveu a dez presidentes norte-americanos, a uma tentativa de invasão e a uma longa campanha de assassinatos. No auge da Guerra Fria, ele formou um governo comunista a apenas 150 km da mais poderosa nação capitalista do mundo, e mais tarde foi um dos principais atores de uma crise que quase levou o planeta a uma guerra nuclear. Fidel Castro, o chefe de Estado há mais tempo no cargo no Ocidente, depois da Rainha Elizabeth II, completa 80 anos neste domingo, 13 de agosto. A história da revolução cubana está estreitamente ligada à vida do governante. Poucos podiam imaginar que o filho de um imigrante galego, que fez fortuna à sombra das multinacionais americanas, saísse de Birán, uma das regiões mais empobrecidas do leste do país, para liderar uma revolução comunista capaz de desafiar os Estados Unidos. "Uma coisa é certa: esteja onde, quando e com quem estiver, Fidel Castro joga para ganhar. Não acho que haja pior perdedor no mundo", escreveu há anos sobre ele seu amigo Gabriel García Márquez. Segundo o escritor colombiano, Fidel "é um dos maiores idealistas de nossa época e nisso reside talvez sua maior virtude, embora também tenha sido sempre seu maior perigo". Castro criou na ilha cubana um modelo único, o "comunismo caribenho", no qual é presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, Comandante-em-Chefe das Forças Armadas e primeiro-secretário do Partido Comunista. De caráter forte e decidido, segundo seus auxiliares próximos, Fidel Castro mantém ainda a influência de seus anos de estudo com os padres jesuítas e uma excepcional capacidade para aproveitar as oportunidades e transformar os fracassos em sucessos. Uma boa prova disso foi o fracasso no assalto ao quartel Moncada, em Santiago de Cuba, em 1953, considerado o início da revolução. A derrota se transformou na primeira "vitória moral" dos rebeldes e tornou Castro conhecido pela imprensa internacional. A mesma habilidade ele demonstraria mais tarde, durante sua luta na serra e imediatamente depois da vitória da revolução. Na mente de muitos cubanos ainda se mantém a imagem de um jovem Fidel Castro dirigindo-se às massas com duas pombas sobre seu ombro, na sua entrada triunfal em Havana, em 8 de janeiro de 1959. Num país com uma grande influência da religião africana, a aparição das pombos foi interpretada como um sinal dos orixás e contribuiu para alimentar uma lenda sobre seu "axé". Mas foi a constante proteção das equipes de inteligência e segurança que o ajudou a sair ileso dos mais de 600 atentados que, segundo a versão oficial, sofreu nestes 50 anos. Além disso, Castro ainda mantém alguns dos velhos costumes da luta clandestina. Seus deslocamentos são mantidos em segredo, da mesma forma que suas viagens oficiais ao exterior. Ninguém sabe com certeza onde ele vive. Dizem que não perdeu o costume de dormir em diferentes lugares para dificultar o trabalho de seus inimigos. Bom de conversa, segundo testemunhas que tiveram a ocasião de compartilhar longas vigílias com ele, Castro é capaz ainda de trabalhar até altas horas da noite e manter acordados também os seus colaboradores. Apesar de toda a segurança, Castro sempre afirmou que anda armado, "para evitar surpresas". Castro vive com a professora Dalia Soto del Valle. Sua relação com Castro, segundo alguns biógrafos, começou há mais de 40 anos, quando teriam se conhecido durante uma campanha de alfabetização. O casal tem cinco filhos, todos nomes começando com A: Alexis, Alex, Alejandro, Antonio e Ángel. Fonte: Ibest Noticias 13/08/2006