Fraude no Panamericano envolve venda de carteira para outros bancos
A crise no Banco Panamericano pode ser explicada de uma maneira muito simples. Imagine uma pessoa que venda um apartamento, gaste o dinheiro, mas continue utilizando aquele bem como garantia para fazer outros negócios. Há poucos meses, a fiscalização do Banco Central detectou uma irregularidade parecida envolvendo o Panamericano, que é controlado pelo Grupo Silvio Santos e tem como sócia a Caixa Econômica Federal. A crise financeira de 2008 e 2009 levou muitos bancos médios e pequenos a venderem suas carteiras de crédito para grandes instituições financeiras. Essa foi a uma das formas encontradas para levantar dinheiro e evitar quebras no sistema financeiro nacional. Ao analisar esses negócios, no entanto, o BC percebeu que o valor que os bancos grandes informavam ter comprado do Panamericano estava acima do que essa instituição dizia ter vendido. Essa diferença estava próxima de R$ 2,5 bilhões, valor suficiente para deixar o banco com patrimônio negativo e provocar a sua liquidação. A quebra só foi evitada após o Grupo Silvio Santos assumir integralmente a responsabilidade pelo problema e oferecer os seus bens para conseguir um empréstimo nesse valor junto ao Fundo Garantidor de Crédito. Como o fundo é uma entidade privada, não houve utilização de recursos públicos. Além disso, a Caixa não terá de arcar com a perda. Além da troca no comando do banco, aprovada hoje pelo BC, haverá agora uma investigação para apurar se houver crime e quem foram os beneficiados. Não está descartada a possibilidade de que o erro na contabilidade tenha sido cometido deliberadamente, com objetivo de favorecer os responsáveis com o pagamento de dividendos e bônus por desempenho. O BC avalia o acordo com positivo. Para a instituição, a quebra do Panamericano poderia causar pânico no mercado e desconfiança em relação a outras instituições financeiras. Fonte: Site Uol