3 de Fevereiro de 2012 às 22:59
Funcionários de curtume podem apresentar sequelas até daqui um ano
Os funcionários que tiveram exposição ao gás sulfídrico com o vazamento ocorrido na última terça-feira (31), no curtume do frigorífico Marfrig, em Bataguassu, possivelmente apresentarão sequelas com o tempo. O risco vale para todos, desde aqueles com exposição leve a mais grave. E também não há prazo para serem diagnosticadas, as sequelas podem aparecer até daqui um ano.
A informação é do médico do trabalho Ronaldo de Souza Costa, que já atuou na assessoria da Saúde do Trabalhador do Rio de Janeiro. Segundo ele, o gás sulfídrico, que foi inalado pelos funcionários, contém uma substância corrosiva e afeta diretamente o cérebro da pessoa.
Ronaldo explica que, dependendo da quantidade de gás sulfídrico que a pessoa inalar, pode ocorrer de irritação nos olhos a morte imediata. No último caso, o cérebro recebe o gás, ocorre uma intoxicação cerebral e órgão simplesmente para de funcionar no mesmo instante. “A pessoa fica tonta, escurece a vista e ela morre”, conta o médico.
Dependendo da sensibilidade da pessoa, as sequelas podem ocorrer em vários órgãos ou em apenas um, como rim, fígado, pulmão. Em alguns casos, pode até resultar em câncer. “É necessário que se abra um inquérito epidemiológico para que essas pessoas tenham um acompanhamento médico adequado, e o Estado é responsável por isso”, afirma Ronaldo.
O médico conta que, em muitos casos, a pessoa fica doente por conta da exposição e não sabe o motivo, pois a seqüela pode aparecer até um ano após o acidente. “Nem sempre aparece imediatamente, pois pode apresentar sinal somente após a consolidação da lesão”, explica.
Proteção
“Onde existe risco é necessário ter proteção”, diz Ronaldo. Ele aponta que equipamentos como sensores de gases presentes na atmosfera, roupa impermeável e máscaras de oxigênio são indispensáveis para trabalhar com segurança.
Caso
O vazamento do gás sulfídrico ocorrido na última terça-feira (31) no curtume do Marfrig, na unidade de Bataguassu, resultou na morte de quatro funcionários e outros três permanecem internados na Santa Casa de Presidente Prudente, interior de São Paulo.
Funcionários do curtume lotaram Santa Casa de Bataguassu para serem atendidos após exposição ao gás.
O acidente ocorreu após o abastecimento de um dos tanques do curtume, quando foi descarregado um produto químico em um compartimento inapropriado, que ocasionou uma reação química tóxica, seguida pelo vazamento.
Fonte: Midiamax Campo Grande, por Mariana Lopes