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25 de Setembro de 2012 às 23:59

Guerra por empregos

Dá-se como favas contadas que a presidente Dilma Rousseff reeditará hoje, em seu pronunciamento à Assembleia-Geral da ONU, a queixa apresentada no discurso de um ano atrás contra a política de países desenvolvidos de combater a crise com injeções maciças de dinheiro na economia.
 O mote foi reiterado na semana passada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que repôs em circulação o termo "guerra cambial" para deplorar a mais nova rodada de expansão monetária do Fed (banco central dos EUA).
 Um efeito previsível da medida é a desvalorização da moeda americana, ao menos no curto prazo, o que prejudicaria a competitividade de países como o Brasil (que veem suas exportações se encarecerem em dólar). Para Mantega, os EUA tentam sair do aperto pelo caminho fácil do protecionismo.
 Fato é que a autoridade monetária americana não está sozinha. O Banco do Japão foi rápido em segui-la e adotou novos estímulos. O Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu já haviam prometido inundar os mercados com liquidez.
 A convergência dos principais bancos centrais decorre da preocupação com a debilidade de suas economias. Elas continuam presas na armadilha do excesso de dívidas públicas e privadas contraídas num passado de euforia.
 É certo que a incursão do Fed no mercado tem consequências globais. O dólar é a principal moeda usada como reserva de valor e meio de pagamento internacional.
 O comportamento das moedas, contudo, sofre a influência de muitos fatores, o que torna controverso definir qual deles é determinante. Se o Fed tiver sucesso em reativar a economia -algo de que muitos duvidam-, é concebível até que o dólar se valorize em seguida.
 Rotular as ações dos BCs como "guerra cambial", assim, é uma simplificação que pouco ajuda a precisar a análise. Mesmo porque o Brasil não chega a ser um exemplo de economia aberta, que possa dar lições de liberalismo comercial para outras nações.
 Para os emergentes, além disso, o impacto das medidas dos países desenvolvidos deverá ser menor. A realidade atual é de crescimento mais contido, distante da exuberância de 2010 (quando China e Brasil cresciam a 10,4% e 7,5%, respectivamente). Isso contribui para atrair menos capital externo, não se devendo, portanto, observar a enxurrada de dólares de então.
 No Brasil, em particular, a queda dos juros e a taxação de recursos especulativos reduziu as pressões pela valorização do real. O dólar permanece acima de R$ 2, ou 30% a mais que em meados de 2011.
 A movimentação dos BCs nos países ricos, em realidade, é mais uma batalha na longa e exaustiva guerra para reativar a economia mundial e criar empregos. Isso também é do interesse do Brasil.
 Fonte: Folha de São Paulo



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