30 de Agosto de 2012 às 23:59
Negociação com a Fenaban será retomada na terça-feira, 04 de setembro
Se os bancos querem mesmo resolver campanha na mesa de negociação, têm de pagar aumento real maior, valorizar PLR, piso e auxílios
A proposta dos bancos de aumento real de 0,66% não avançou. Uma nova rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban) foi marcada para terça-feira, 04 de setembro.
Durante toda a manhã da quarta-feira 29/08, os representantes dos trabalhadores apresentaram aos bancos números que demonstram que o índice de reajuste salarial de 6%, apresentado pela Fenaban no dia anterior, é insuficiente, deixando claro que os bancários ficaram bastante insatisfeitos com a proposta e como esse índice.
Os banqueiros dizem desde o início das negociações que querem resolver a campanha na mesa de negociação, mas para isso acontecer como os bancos falam, eles precisam pagar aumento real de verdade, PLR, piso e auxílios maiores. Além disso, melhorar condições de trabalho e contratar mais para acabar com a sobrecarga e o desrespeito à jornada que adoecem a categoria. É isso que a categoria bancaria, em todo o Brasil, reivindica e vem reforçando desde o início da Campanha 2012.
Na tarde da mesma quarta-feira 29/08, os representantes dos trabalhadores e dos bancos também debateram o programa de combate ao assédio moral. O Comando Nacional dos Bancários deixou bem claro para os representantes da Fenaban que é preciso aprimorar os instrumentos de combate ao assédio moral.
Demandas – O Comando também relembrou aos bancos que os resultados do setor indicam plenas condições para atender às demandas da categoria. O lucro cresceu no primeiro semestre deste ano, mesmo com o alto provisionamento. São quase R$ 26 bi de lucro líquido somente para as sete maiores instituições do país. E isso com PDD (provisão para devedores duvidosos) de mais de 30% em média.
Outro ponto abordado pelo Comando Nacional é que já foi maior a porcentagem do lucro líquido que os bancos gastam com a PLR dos trabalhadores e isso tem de mudar. Com esse provisionamento alto e se não for alterada a regra, bancos como Bradesco, Santander e HSBC vão pagar PLR menor que a de 2011 e que isso a categoria não pode aceitar.
Para que a campanha seja resolvida na mesa de negociação, os bancos têm de voltar para a rodada de negociação do dia 04 de setembro com proposta que atenda todas essas demandas fundamentais à categoria.
Veja abaixo outros itens da proposta global dos bancos
EMPREGO: Os bancos se negaram a tratar das reivindicações de emprego na CCT, informando que essas questões devem ser resolvidas em acordo coletivo de trabalho, ou seja, banco a banco. Diante disso, o Comando Nacional dos Bancários enviará carta a cada uma das instituições que compõem a mesa da Fenaban solicitando espaço para discutir demandas fundamentais à categoria, como mais contratações, fim da rotatividade, da terceirização e das dispensas imotivadas, respeito à jornada de seis horas, universalização dos serviços bancários. O Comando deixou claro para os bancos a relevância do tema e de mudanças que alterem a realidade de sobrecarga de trabalho e adoecimento dos bancários, por falta de funcionários e desrespeito à jornada.
SEGURANÇA: A proposta do Comando, de manter um projeto piloto de segurança, foi aceita pela Fenaban, em local ainda a ser definido. O objetivo é cruzar estatísticas com dados do passado e do presente que mostrem a importância das ações implementadas, como portas de segurança e biombos de proteção entre os caixas e entre as filas. Um grupo de trabalho com representantes dos bancários e dos bancos deverá acompanhar os planos de ação e de monitoramento. Ainda sobre o tema, foi dito aos banqueiros que tem de ter prazo para começar e para analisar. Tendo esses números o Movimento Sindical conseguirá estabelecer a discussão das medidas que têm de ser implementadas no Brasil inteiro.
SAÚDE: Os bancos se comprometeram com atuação emergencial junto aos trabalhadores afastados que ficam sem salário e benefício até a perícia" do INSS ou devido a alta programada. A cláusula que deverá constar da Convenção Coletiva de Trabalho deve definir quanto, como e até quando pagar os salários dos afastados. Também ficou acertado que representantes dos bancários e dos bancos procurarão a Previdência, juntos, para cobrar solução para o problema. O importante é garantir os proventos desses trabalhadores que já sofrem tanto com o adoecimento. Esse é um avanço importante em relação aos direitos dos afastados.
Ainda sobre saúde, até o encerramento da campanha, os bancos também devem se posicionar em relação à cláusula que prevê o direito à reabilitação após adoecimento, mas à qual nenhuma instituição aderiu.
IGUALDADE: Os bancos finalmente aceitaram refazer o censo da categoria. Ao longo de 2013 farão o planejamento, preparação e sensibilização dos trabalhadores para aplicação da pesquisa no início de 2014. Toda a discussão será feita na mesa temática de igualdade de oportunidade. Esse censo é importante para que o Movimento Sindical possa saber das condições das mulheres, dos negros, das pessoas com deficiência e trabalhar para que todos tenham as mesmas oportunidades nos bancos.
Confira as principais demandas dos bancários
• Reajuste salarial de 10,25% (5% de aumento real mais a inflação projetada de 5%);
• PLR maior – 3 salários mais 1 parcela fixa de R$ 4.961,25;
• Piso maior – R$ 2.416,38 (salário mínimo definido pelo Dieese);
• Vales alimentação, refeição e auxílio-creche – valor do salário mínimo (R$ 622,00);
• 13º vale-refeição e 14º salário;
• Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos;
• Auxílio-educação para graduação e pós-graduação;
• Ampliação das contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, além a aprovação da convenção 158 da OIT;
• Respeito à jornada de seis horas;
• Fim das metas e do assédio moral que levam a categoria ao adoecimento em níveis epidêmicos;
• Segurança nas agêncas;
• Previdência complementar para todos;
• Regulamentação da remuneração total fixa e variável para interferir na lógica de gestão dos bancos, que cobram metas individuais • Igualdade de oportunidades;
• Efetivação de todos os caixas;
• Adiantamento de um salário no retorno das férias, com desconto feito em até 10 vezes sem juros, conforme já praticado por alguns bancos;
• Direito de optar pelo valor em dinheiro, para uso com combustível ou fretado, no lugar de vale- -transporte;
• Redução dos juros e das tarifas.
Fonte: Seeb-Dourados e Região, por Joacir Rodrigues