Politica macroecomica favorece capital internacional e banqueiros
Juros altos e câmbio desfavorável são obstáculos ao desenvolvimento econômico, denuncia o professor Carlos Eduardo Freitas.
“Não é possível haver desenvolvimento econômico com taxas de juros altas e câmbio desfavorável”, afirmou Carlos Eduardo Freitas, professor da PUC-SP. A intervenção foi feita durante o debate no painel Macroeconomia e Finanças para o Desenvolvimento, na manhã desta quarta-feira (11), no terceiro dia de atividades do 11º Congresso Nacional da CUT.
De acordo com o professor, essa orientação na condução da macroeconomia favorece sobretudo o capital internacional e os banqueiros. “Toda sociedade sabe que o banqueiro é o grande concentrador de renda. A atividade financeira não pode ser um fim em si mesmo, senão apenas funcionará para enriquecer o sistema financeiro”, destacou.
Para ele, chegamos a um momento em que as relações econômicas e financeiras até então estabelecidas começaram a mudar de cenário, a exemplo das atuais medidas de redução da taxa de juros. “Voltamos ao problema que precisará ser definido pelo conflito social”, alertou. Ou seja, para o professor, o caminho é complicado, mas ao mesmo tempo simples. “Se os trabalhadores não forem à luta, os ricos vão deitar e rolar. O caminho prático é a luta social”.
Segundo Freitas, em muitos países, o conflito social empurrou o processo de desenvolvimento econômico para frente, a exemplo do progresso tecnológico do passado. “A ânsia de exploração do trabalho pelos capitalistas levou ao investimento técnico, o que de início produziu o desemprego, mas depois proporcionou a luta dos trabalhadores pela criação de novos postos. Essa luta também levou à criação das leis trabalhistas, de um Estado forte e garantias antes inexistentes”, explicou.
Segundo ele, essa coalizão de interesses dos diversos atores sociais acontece já que em determinados momentos é percebido que a sociedade precisa caminhar em uma direção. “Os capitalistas cederam um pouco, pois perceberam que precisam dos trabalhadores”. Mas alertou que se o governo não exigir e pressionar essa coalizão não acontecerá de forma justa e equilibrada.
Sistema financeiro - O desenvolvimento financeiro precisa anteceder o desenvolvimento econômico, defende o professor, ao explicar que é necessário que as unidades produtivas possam incorporar a tecnologia e para isso é preciso de crédito. “Esse investimento é o que possibilitará no futuro o desenvolvimento econômico”.
Entretanto, Freitas alerta que o conceito não é exatamente o mesmo pregado pelo atual sistema financeiro internacional, que defende que não existe desenvolvimento sem endividamento, focado somente no aquecimento do consumo. “É a velha ideia de que quem não deve não tem”. Segundo ele, esse conceito pode ocasionar a quebra, como a atual crise financeira provocada pelo excesso de crédito no mercado.
Regulamentação - “Toda essa crise que assola vários países da Europa se iniciou no descontrole do sistema financeiro e não conseguimos avançar em nada no sentido da regulamentação”, denunciou Juvândia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Para ela, é inadmissível a alta taxa de juros, que acaba sobrando para o bolso do trabalhador. “Hoje, no Brasil, a taxa de juros é para manter o alto lucro líquido dos bancos”, alertou.
Ela ainda defende que para enfrentar os interesses daqueles que ainda comandam a economia do país será preciso uma reforma política. “O sistema financeiro tem um poder tão grande que financia a maioria dos políticos que estão no Congresso Nacional. E sabemos que com esse Congresso não conseguiremos aprovar a regulamentação do sistema”.