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27 de Agosto de 2012 às 23:59

Puccinelli se apega a cinco segundos para tentar pôr em dúvida verdade revelada em vídeo

O governador André Puccinelli está de todas as formas tentando colocar em descrédito o vídeo que flagra reunião na qual ele faz o monitoramento de votos dos servidores da Setas (Secretaria de Assistência Social) em favor dos candidatos a vereador e a prefeito pela Coligação Mais Trabalho por Campo Grande, encabeçada pelo deputado federal Edson Giroto.
Clique aqui e veja também: Vídeo revela coação eleitoral de Puccinelli sobre servidores para eleger Giroto
Para tanto, está se valendo de apenas duas palavras, cerca de cinco segundos em um vídeo de mais de 10 minutos, que se resume a uma legenda que pode até ter sido grafada de forma imprecisa em um trecho da gravação, mas que não invalida todo o resto, sequências anteriores e posteriores nas quais se revela a prática do governador para controlar o voto para Edson Giroto e aos candidatos a vereador da Coligação Mais Trabalho por Campo Grande.
O governador distorce a interpretação de laudo por ele encomendado e se apega ao diálogo travado com o servidor José Carlos Lopes Silva, cujo nome constava da listagem que estava em suas mãos como eleitor do candidato Edil Albuquerque, mas que na reunião, ao ser inquirido, declarou voto para a candidata Carla Stephanini.
Na publicação do vídeo editado os diálogos são apresentados na legenda da seguinte maneira:
AP: - José Carlos Lopes Silva
JCLP: - Edil e Giroto.
AP: - Nós vamos pôr pra votar na Carla aqui, tá bom? Edil...
AP: - Então agora mudou, tá bom?
JCLP: - Tudo bem.
O mesmo trecho, conforme laudo da perícia contratada pelo governador, os diálogos apresentam a seguinte legenda:
AP: - José Carlos Lopes Silva
JCLP: - Edil e Giroto.
AP: - Então vamos pôr... tava Carla aqui, tá bom? Edil...
AP: - Então agora mudou, tá bom?
JCLP: - Tudo bem.
Notaram? É isso mesmo. Esta mínima diferença de "Nós vamos pôr pra votar na Carla" para "Então vamos pôr... tava Carla ", segundo a versão que o governador divulga, teria alterado a realidade dos fatos. Será? Isso altera o contexto da reunião em si, com o governador conferindo e anotando numa espécie de ata o voto de um por um dos servidores nomeados da Setas?
 
O governador se apega a essa divergência, insignificante diante da gravidade do que as imagens exibem, em trecho de cinco segundos de edição com menos de dois minutos. Se houvesse montagem, trucagem ou algo nesse sentido a perícia contratada pelo governador teria identificado essa situação.
Visivelmente para tentar colocar em descrédito as imagens, o governador ainda omite que a perícia só foi realizada no vídeo editado, tendo sido desprezado o vídeo original, com mais de 10 minutos, publicado pelo Midiamax no dia seguinte, e sem legendas.
A tentativa do governador de encobrir a suspeita de crime eleitoral em que foi flagrado e registrado em vídeo fica patente ao se verificar que os advogados do governador não solicitaram a retirada do vídeo do ar na “representação” por calúnia, injúria e difamação protocolada na Justiça.
Que fique, então, claro ao leitor que o áudio e as imagens do vídeo não são objeto de dúvidas pelo governador nem seus advogados.
A confirmação de cobrança a que são submetidos os servidores que participaram da reunião fica evidente em vários trechos do vídeo, conforme demonstrado na sequência a seguir:
AP: - Elizabete Marcos Lugo. Parente do Bispo.
 AP: - Lugo, parente do bispo?
 EML: - É... Giroto e Cícero.
 AP: - Aqui tava Giroto e Lamartine. Giroto e Cícero?
 EML: - Isso.
 AP: - Agora não troca mais, tá bom?
 AP: - Cícero, tá bom?
EML: - Não, não vou trocar.
AP: - Aqui já foi.
Além de saber antecipadamente em quem a servidora Elizabete Marcos Lugo iria votar, após esta se manifestar e dizer que não iria mais votar no candidato a vereador Lamartine (Lamartine Rivbeiro, ex-superintendente do Procon) e sim no candidato Cícero, o governador faz a alteração na listagem e completa: “Agora não troca mais, tá bom?”. 
Ou seja, o controle que Puccinelli exerce sobre o voto do servidor é tamanho que ele adverte, a cinquenta dias da eleição, que a servidora não pode mais mudar o voto.
Outro argumento do governador, e também do PMDB, desmentidos pelas imagens, é a suposta “reunião eleitoral para discutir estratégias da campanha”. Em mais de um momento se ouve pessoas pedindo para que se retirassem do recinto aqueles que já tinham respondido à “chamada” feita por Puccinelli. Ora, se haveria reunião, quem já tivesse respondido à "chamada" deveria permanecer, e não se retirar.
O material da reunião foi entregue à ministra Cármen Lúcia, do Superior Tribunal Eleitoral, durante visita dos deputados federais e postulantes à prefeitura de Campo Grande, Vander Loubet e Reinaldo Azambuja.
A juíza Denise Dódero Rodrigues, da 8a. zona Eleitoral de Campo Grande, determinou à Polícia Federal que investigue os fatos.
Fonte: Midiamax Campo Grande, por Pio Redondo



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