Puccinelli se da ao luxo de abondonar o governo para se envolver na campanha de prefeito
Candidatos a prefeito da Capital repudiaram, nesta terça-feira (10), a prática cada dia mais constante do governador André Puccinelli (PMDB) de abandonar o trabalho, em horário de expediente, para se dedicar a campanha do deputado federal Edson Giroto (PMDB). Para eles, além de não cumprir com sua palavra, o chefe do Executivo dá mau exemplo aos servidores públicos.
Recentemente, Puccinelli espalhou aos quatros cantos do Estado publicar decreto proibindo claramente a campanha de servidores na hora do expediente. Ele, inclusive, disse aplicar duras penalidades a quem descumprisse a regra e se inclui na lista daqueles que seguiram com rigor a norma.
“A população me elegeu para administrar, nos períodos que eu tiver vago e fora do expediente eu vou ajudar o Giroto”, declarou o governador na última quinta-feira (5), após solenidade de assinatura de contratos com a Caixa Econômica Federal para execução de obras de ampliação dos sistemas de abastecimento de água.
Pouco antes, Puccinelli tratava de campanha eleitoral em seu gabinete com vereadores de Campo Grande. Sem nenhum pudor, ele confirmou a encontro político e contou que os parlamentares foram atrás de recursos para bancar a campanha.
Nesta terça-feira (10), novamente o governador deixou de administrar o Estado, como prometeu, para se decidir a campanha do seu protegido. Desde as 14 horas, ele está reunido, a portas fechadas com candidatos a vereador, no comitê político de Giroto. Segundo o próprio candidato a prefeito, Puccinelli convocará todos a “gastar sola de sapato” para vencer a eleição.
“Como chefe do Executivo, ele não pode, em horário de expediente, pedir votos. Isso é um mau exemplo”, disse o deputado federal Vander Loubet, candidato a prefeito da Capital pelo PT. “É uma vergonha, ele fala uma coisa e faz outra, é muita incoerência”, reforçou o deputado estadual Alcides Bernal, candidato a prefeito pelo PP.
Com pouca surpresa o candidato do PSTU, Suél Ferranti, analisou a questão. “Em se tratando do Puccinelli, espero qualquer coisa. Ele vai fazer até o impossível para o seu candidato vencer a eleição”, comentou. “Aqui a democracia só vale para poucos, para a burguesia e latifundiários”, acrescentou.
Fiscalização
Diante das atitudes do governador, Bernal e Vander adiantaram cobrar fiscalização da Justiça Eleitoral. “Queremos um acompanhamento”, disse o petista. “Ainda nesta semana, vou ao Ministério Público Estadual (MPE) e ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para cobrar uma posição”, informou Bernal.
Sem estrutura de campanha, Suél disse não poder se focar na fiscalização por reservar todo seu tempo e dinheiro na corrida por votos. “Não temos condições de ficar vigiando, com o pouco que temos vamos gastar sola de sapato”, comentou.
O que a lei diz
De acordo com o advogado Ronaldo Franco, não é vedado ao governador cuidar de política em horário de expediente. “Ele não é servidor público, é agente político e agente político não tem horário de trabalho”, explicou.
O que é ilegal, segundo o advogado, é “utilizar-se de qualquer bem público para fazer campanha”. “A partir do momento que ele usa as instalações do governo, como fez na semana passada, para tratar de política, ele está cometendo uma irregularidade. Também é ilegal usar veículo oficial para se deslocar até agendas políticas”, exemplificou.